A ameaça de fechamento do Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) da Comunidade Rural de São Basílio, em Uberaba, está preocupando os pais. Segundo a coordenação da unidade, a Secretaria de Educação quer transferir as crianças matriculadas para outro Cemei, em Ponte Alta.

As mães que dependem da creche na cidade de Uberaba para poder trabalhar estão indignadas com a possibilidade de fechamento. “Mas se funciona há quase 10 anos desse jeito e com o apoio da Prefeitura de Uberaba, porque eles querem fechar agora?”, questionou a vendedora Lúcia Balduíno.

O Cemei de São Basílio funciona há oito anos e atualmente estão matriculadas 17 crianças. Elas ficam no local das 7h às 17h, porém este ano, a Prefeitura não contratou educadora para o período da manhã. Quem cuida das crianças é uma coordenadora.

A desempregada Milaine Ferreira é mãe de uma das crianças e ajudar a funcionária a cuidar da creche. “Enquanto ela vai dar banho em uma das crianças, eu fico brincando com as outras. Mas eu não consigo olhar todas ao mesmo tempo. Às vezes elas brigam, eu corro para separar, tenho que chamar a coordenadora para ajudar. A situação é realmente muito difícil”, disse.

Segundo as mães, a Secretaria Municipal de Educação anunciou o fechamento do Cemei alegando problemas estruturais, como a falta de alambrado para cercar o terreno e o número reduzido de alunos. A solução seria a transferência das crianças para Ponte Alta.

Riscos
O trajeto de ida e volta entre a comunidade de São Basílio e Ponte Alta é de 27 quilômetros. Parte em estrada de terra e outra parte pelo asfalto na BR-262 que é rota para a produção de cana, onde é grande o movimento de veículos pesados.

“O risco é muito grande porque no momento estamos com crianças, inclusive, de nove meses. E na BR-262 e no trevo de Ponte Alta, os acidentes são constantes. E é perigoso para as crianças ter que passar por este trecho”, afirmou a horticultura Aleni Dias.

A aposentada Luzia Dionilza e a dona de casa Maria Irani da Silva, moradoras da comunidade, ajudaram a construir a creche. Elas contam que essa era uma necessidade antiga no bairro rural e temem que as crianças voltem para rua, caso a creche seja fechada. “Nós não queremos e não admitimos que fechem esta creche porque tem muitas mães que trabalham na lavoura e não têm onde deixar os filhos”, afirmou Luiza.

Maria Irani acredita que se a creche for fechada, o prédio vai virar um ponto de drogas. “Enquanto as crianças estiverem aqui e a creche funcionando, isso é um sinal de respeito. A gente passa e nos sentimos orgulhosas de ver um prédio que nós construímos funcionar” lembrou Maria Irani.

Justificativa
Marilda Ribeiro, subsecretária da educação, afirmou que a Secretaria Municipal de Educação está preocupada com situação das crianças. “Queremos dar à elas a educação que é necessária, porém, na concepção de educação que nós temos, seria irresponsabilidade da secretaria deixá-las em um local funcionando naquelas condições”, explicou.

Segundo a subsecretária, o Cemei São Basílio funciona de forma precária desde a criação e várias visitas foram feitas pelo Conselho Municipal, que constatou existência de cisterna, fossa e falta de alvará do Corpo de Bombeiros.

Marilda justifica a falta de funcionários na instituição, dizendo que segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC) há um número de referência para o funcionamento dos Cemeis. “E no Cemei São Basílio, hoje em dia, não temos o número de crianças que atenda esta referência, que seria de 60”, disse.

Ela também afirma que a intenção da secretaria é corrigir o problema, o que vai demandar certo tempo. “A secretária Silvana Elias, se reuniu com os pais no dia 25 de março, onde apontou os problemas a serem solucionados. Agora, temos uma nova reunião, no dia 15 de abril, onde algumas alternativas serão colocadas para centrarmos numa proposta comum que agrade a comunidade e atenda devidamente, à necessidade das crianças”, lembrou.

Fonte: G1