Mulheres em Uberaba usam boxe para perder peso e desestressar
segunda-feira, 13 de agosto de 2012As aulas de luta têm ganhado cada vez mais adeptas mulheres em Uberaba, no Triângulo Mineiro. Os motivos, segundo elas, variam entre a vaidade, ganhar condicionamento físico ou se desetressar da rotina de trabalho ou estudos.
O fisioterapeuta e professor de boxe Evaldo Luiz Amorin ministra aulas em uma academia no Centro da cidade e também dá aulas particulares. Na academia onde ele trabalha as aulas são coletivas e as turmas variam entre 10 e 20 alunos, sendo que 90% são mulheres com idade entre 15 e 40 anos. Segundo o professor, as mulheres que frequentam o local geralmente procuram a luta. “Elas alegam que não gostam de musculação e de exercícios de repetição por acharem monótonos. Então nós trabalhamos com o boxe funcional, com exercícios de equilíbrio, concentração, isométricos e de pliometria. Temos um circuito de treinamento bem variado de pular corda, salto em cama elástica, corrida em inclinação no morro, treinamento com cone e com bola. E elas gostam disso”, contou.
Ainda segundo o professor, as alunas procuram o boxe não só para ganhar condicionamento físico, mas por vaidade e para desestressar. “Elas querem enrijecer os músculos dos membros inferiores e superiores e perder gordura abdominal, já que os exercícios são muito puxados nesta região. Mas percebo que o estado emocional também é um grande fator que as motiva procurar o boxe. Todas chegam querendo ‘bater’ e aí a gente vai ensinando que a luta é prazerosa e pode ser usada para relaxar após o trabalho ou os estudos. Até porque a parte física e mental caminham juntas”, disse.
Para o professor e fisioterapeuta, as mulheres também têm procurado cada vez mais a luta porque a perda de peso é grande e feita de uma forma lúdica. E se o treinamento for feito da maneira correta e com frequência, no primeiro mês já é possível ver mudanças no corpo. Após isso, de um a três meses as mudanças são significativas. O ideal é treinar pelo menos duas vezes por semana. “A explosão do MMA na mídia acabou influenciando na procura do boxe. E o mais interessante é que as mulheres deixam de lado a questão do ser ou não um esporte masculino para investirem nelas”, enfatizou.
A jornalista Mariângela Camargos começou a fazer boxe funcional há menos de um mês em uma clínica de fisioterapia no Bairro Mercês. Ela disse que sente que encontrou o atividade física que precisava. “Eu sempre fiz exercícios como musculação, alongamento e pilates, mas como sou muito agitada sentia falta de gastar mais energia. Eu via imagens de pessoas lutando e achava que tinha que tentar, mas nunca tinha colocado uma luva e nem tentado bater no saco”, contou.
De acordo com a jornalista, o boxe funcional não significa apenas dar soco e chute no saco. É preciso concentração para fazer o movimento correto e não machucar, além de disciplina. “Eu acabo desenvolvendo a destreza de esquivar de um soco e me sinto mais segura. A concentração e a flexibilidade também melhoraram”, revelou.
Já a estudante Luiza Franco Corá faz muay thai há 11 meses. Ela decidiu fazer porque queria perder peso e ganhar condicionamento físico e, como prefere fazer aulas do que ficar somente na musculação, achou a luta uma opção interessante. “E eu realmente consegui perder peso, ganhar condicionamento físico, além de ganhar força, técnica, disciplina e amigos”, contou.
As aulas de Luiza são coletivas, com cerca de 20 alunos. “As aulas são equilibradas em relação ao sexo, mas muitas vezes a maioria dos alunos são mulheres e elas têm idade entre 15 e 60 anos”, explicou.
A estudante faz três aulas por semana, com duração de uma hora cada e quem ministra as aulas é também uma mulher. “Para mim, o muay thai foi uma ótima escolha porque é um atividade completa que trabalha todas as partes do corpo e me ensinou muitos valores como superação, disciplina, concentração, respeito e calma. Além de tudo, é uma distração porque eu esqueço de todos os meus problemas enquanto estou na luta”, ressaltou Luiza.
Ganho psicológico
A psicóloga clínica Carla Ventura explicou que ao praticarem alguma luta as pessoas liberam substâncias chamadas de neurotransmissores, que desempenham papel importante na manutenção da saúde e do bem estar. “Durante a atividade física aumentamos a liberação dos neurotransmissores e o cérebro libera as endorfinas e intensifica os neurotransmissores: dopamina, serotonina e noradrenalina, que são responsáveis por nos deixarem mais felizes e são fundamentais para o bom funcionamento do organismo”, observou.
Ainda segundo ela, as lutas podem exercer também efeitos positivos no convívio social do indivíduo, tanto no ambiente de trabalho, quanto no familiar. “Na sociedade atual com cobranças cada vez maiores da vida moderna os níveis de estresse e de ansiedade estão elevados, acarretando uma busca por medicações ansiolíticas e a atividade física pode ser uma boa saída assim também como método preventivo”, completou a psicóloga.
Fonte: G1