Ensino inclusivo é discutido em seminário de educação de surdos em Uberaba
sexta-feira, 28 de setembro de 2012Começou ontem (27) em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o 1º Seminário Nacional de Educação de Surdos. A proposta é ampliar os conhecimentos de profissionais envolvidos no processo de inclusão educacional, que já apresenta alguns avanços, mas ainda existem muitos desafios.
Daphne tem nove anos e nasceu com surdez profunda. Os pais descobriram o problema quando ela tinha um ano e ainda não falava. “O primeiro momento é de espanto, acredito que para qualquer pai é muito difícil aceitar qualquer problema. Mas com o tempo e com calma a gente vai se acostumando e pegando a confiança de outros profissionais”, contou o pai de Daphne, o bombeiro Aguimar dos Reis.
Ela faz as aulas de piano há seis meses e é a primeira aluna surda do Conservatório Estadual de Música de Uberaba. Um desafio que a professora Ana Márcia Souza abraçou desde o começo. “Aprender Libras já foi uma motivação de pensar no interesse das crianças em aprender música e de não conseguirem por ter esse bloqueio. Então eu me apaixonei mesmo pela Libras, iniciei os estudos e quando os pais trouxeram a Daphne, porque ela escolheu fazer música, aí que a gente viu o tamanho do desafio e a oportunidade de aprender cada vez mais com ela”, lembrou a professora.
Ver a filha tocando as primeiras notas é uma emoção que a dona de casa Cleonice Viana jamais vai esquecer. “As pessoas têm o preconceito de que a pessoa que tem alguma deficiência é uma coitadinha, não pode fazer nada. A Daphne é um exemplo de que pode ir além. Não é a deficiência que vai ser um empecilho e, sim, uma motivação”, afirmou a dona de casa.
Depois da chegada da Daphne ao conservatório outras ideias surgiram e ela inspirou a criação de um coral diferente, que também canta em Libras. É mais um projeto da professora Ana Márcia. “É importante as escolas nos ensinarem [Libras] para a gente se comunicar com eles”, disse a estudante Nadini Soares, de 10 anos.
Ivone de Castro Massa é diretora da Escola Dulce de Oliveira, uma instituição de surdos em Uberaba que tem 83 alunos no ensino fundamental. No local é oferecido um curso de Libras e, de 2011 para cá, mil alunos se formaram. “Os alunos aprendem Libras e os professores são todos bilíngues. Todos os conteúdos são dados através da Língua Brasileira de Sinais”.
Maria de Lourdes tem 57 anos e foi uma das primeiras alunas na Escola Dulce de Oliveira. Ela teve que abandonar a primeira faculdade de Pedagogia porque não tinha intérprete na sala. Agora, perto de se formar, é também professora de Libras, quer diminuir a distância e o preconceito da sociedade.
Curso de Libras
A Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) deve apresentar, em breve, um projeto para a criação do curso Letras/Libras. “O aluno que já é diplomado na área de Letras deve fazer esse curso conosco, na área de Libras, e vai ter essa nova habilitação”, explicou o coordenador do curso, Carlos Francisco de Morais.
Fonte: G1